Um castelo num declive e uma capela com uma imagem de um órgão sexual não é comum mas é o que encontramos na Amieira do Tejo.
Para quase tudo há uma explicação mas para a reprodução do órgão sexual na abóbada da Capela de São João Batista ainda não foi encontrada.

A melhor justificação poderá ser a temática das representações que simbolizam a vida e a natureza. Na figura ao centro, dentro de um círculo, está representada uma mulher e rodeada de imagens do órgão sexual do homem o que poderá ser interpretado como o símbolo da fecundação e da vida.

Por causa deste enigma, segundo João Godinho do Turismo da Amieira, têm sido realizados vários estudos para tentar descodificar as imagens.

A Capela é de estilo renascentista e no altar tem uma imagem de S. João Batista. É original embora tenha sido restaurada há algum tempo.
S. João Batista foi o padroeiro da Ordem dos Hospitalares a quem o rei delegou a gestão do castelo e este território.
O castelo está classificado como Monumento Nacional é do século XIV e foi mandado construir pelo Prior do Crato, o pai de Nuno Álvares Pereira. Álvaro Gonçalves Pereira viveu aqui alguns anos e alternava a residência com o Crato.

Está num declive porque o propósito inicial era servir como residência. Esta é também a razão porque se encontram vestígios de pinturas decorativas.

Percebe-se que retratam pessoas e cavalos mas podiam ser mais perceptíveis se não tivessem colocado reboco quando das obras de restauro há cerca de cem anos.
O prior do Crato viveu no castelo alguns anos, na torre de menagem, e depois a estrutura passou a ter uma função defensiva junto com outros castelos constituindo uma linha de proteção do Tejo. Terá sido nesta altura que foram construídas duas prisões, cada uma em sua torre e ao olharmos através das grades ficamos surpreendidos com a altura e arrepiados com as condições impostas aos presos.

Após uma longa época de abandono o castelo até funcionou como prisão e cemitério da aldeia. Foi entretanto recuperado, as últimas obras foram há cerca de seis anos e podem-se visitar as quatro torres e andar nas muralhas.

A torre maior é a de menagem. Tem mais de 20 metros de altura e é um espaço utilizado para exposições. Há uma exposição permanente sobre a história do castelo e mostras temporárias. Nesta altura podem ser vistas fotografias pertencentes às pessoas da Amieira do Tejo e foram tiradas em meados do século passado.

Apesar de se situar num declive, o castelo tem uma vista interessante. De um lado a serra com destaque para um fontanário branco e azul que chama logo a atenção. Do castelo temos ainda vista para o vale do Tejo e também para a Amieira.

No alto do casario sobressai a Capela do Calvário, um bonito edifício em pedra do século XVIII e que está classificado como Imóvel de Interesse Público.
Substitui uma outra capela que foi demolida para dar lugar à construção da atual.
É grande e reluz ao pôr do sol. Há no entanto uma discussão que já se arrasta há algum tempo sobre o pinheiro que está em frente e que tapa a vista da fachada principal.

Há quem diga que deve ser derrubado para melhorar o postal ilustrado. Por enquanto ainda lá está.
A visita à Amieira do Tejo tem de ser complementada com um passeio ao lado do rio e também com uma ida à Barca da Amieira onde antes uma barca fazia a travessia dos carros.

Amieira do Tejo pertence ao concelho de Nisa e especula-se que a sua origem remonta ao tempo dos lusitanos.
Amieira do Tejo: duas capelas, um castelo e um enigma faz parte do podcast semanal da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e pode ouvir aqui.
A emissão deste episódio, Amieira do Tejo: duas capelas, um castelo e um enigma, pode ouvir aqui