O pinhão português é o melhor do mundo e talvez muitos portugueses nunca o tenham saboreado porque frequentemente é vendido misturado e a preços muito elevados.
Uma das alternativas é visitar uma pequena ou média indústria de produção de pinhão, ver todo o processo de fabrico e aprender a história que vai até aos descobrimentos porque foi um alimento importante para os marinheiros.
Descobrir também que a qualidade advém de processos naturais, designadamente para secar o pinhão.
Francisco Romão tem uma empresa familiar, a PinhaoSado de produção de pinhão que está localizada em Alcácer do Sal. O pinheiro manso, donde é obtida a semente que está na origem do pinhão, tem uma forte implantação nesta região do Sado e é também onde existe uma grande concentração de industria.
Francisco Romão diz que facilmente se percebe a diferença do pinhão português e de outros países como da China e do Paquistão.
O pinhão nacional é mais claro, é maior e tem um sabor completamente diferente, “sabe a floresta”, um aroma típico do pinhal. Ele até convida a que se faça a experiência. Visitar uma destas pequenas e médias industrias e depois comparar com o que se vende no comércio.
Muitos clientes são visitantes que estão em viagem e passam por Alcácer. Ficam a ver como se faz a produção e muitos regressam todos os anos. Já sabem que a altura mais indicada é entre Agosto e Outubro.
As pinhas são apanhadas no primeiro trimestre do ano. É um processo completamente artesanal. Prende-se a escada ao pinheiro e com varas apanham-se as pinhas. Tem de se saber escolher porque cada pinha leva cerca de três anos a formar as sementes.
As pinhas ficam depois ao sol para abrir com o calor.
Este processo termina agora em Agosto e depois começa a extracção da semente e o descasque através de processos naturais como choque térmico. A última fase é a selecção manual do pinhão
É um processo que ainda demora algum tempo e o resultado final é o pinhão de cor de marfim, sem defeito e, conforme diz Francisco Romão, “com sabor a floresta, aroma de pinhais.”
No entanto, para se conseguir com esta qualidade, só é possível através de processos naturais.
Esta qualidade transmite-se depois à doçaria e à gastronomia. Os melhores doces usam pinhão e em Alcácer as pinhoadas estão em destaque nas pastelarias e lojas gourmet. Algumas receitas de culinária também usam o pinhão tirando partido do sabor, gordura natural e textura.
Estas propriedades já eram conhecidas dos marinheiros na época dos descobrimentos. O pinhão é fácil de conservar e tem um alto valor energético.
O pinhão é uma importante fonte de rendimento no Vale do Sado mas confronta-se com dificuldades resultantes das alterações climáticas e da concorrência do pinhão chinês e paquistanês.
Uma outra situação é que não se tira valor acrescentado na cadeia de produção porque é exportado em bruto as pinhas para Itália e Espanha.
Para salvaguardar a origem do pinhão e evitar o rico de adulteração de imagem estão a decorrer processos que visam a Denominação de Origem Protegida. No caso específico de Alcácer do Sal pretende-se ir mais longe e afirmar uma marca do concelho assegurando a sua genuidade.
O melhor pinhão do Mundo é português faz parte do podcast semanal da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e pode ouvir aqui.
A emissão deste episódio, O melhor pinhão do Mundo é português, pode ouvir aqui.
O Vou Ali e Já Venho tem o apoio:
Who Trips 