Quem desconhece o motivo fica surpreendido. Percorremos algumas ruas onde todas as casas têm desenhos e siglas pintadas nas paredes próximo da porta de entrada. Em cerca de uma dezena de aldeia do concelho de Alenquer.
Na verdade, quem conhece os códigos, fica a saber a caraterização de cada família.
Diz José Barbieri que, por exemplo, se “numa casa, no último ano, morreu alguém, as pinturas são apenas azuis. Se há um filho novo, desenha-se um vaso com flores. Se o filho for varão, o desenho é um losango dentro do vaso. Se for uma menina, faz-se um coração. Noutras aldeias é diferente. Por exemplo, se há um casal recém-casado desenham-se dois corações entrelaçados com flores. Há ainda as profissões.
Na casa do padeiro há desenhos sobre a sua atividade, na do agricultor há tratores, quem faz mobiliário tem móveis pintados na parede. Nas tascas também se critica a qualidade do vinho através das pinturas.”
José Barbieri da Memoriamedia que se dedica à recolha e divulgação de património imaterial, fez uma pesquisa apurada sobre esta tradição “que só existe vagamente na Alemanha, onde se usa o giz para pintar a parte de cima das portas com algumas letras. Em Alenquer há uma simbologia própria, uma série de sinais que são comuns às aldeias onde esta celebração é praticada. Embora, em cada aldeia tenham significados diferentes.”
Esta tradição concretiza-se na noite dos Reis, de 5 para 6 de Janeiro. É o Pintar e Cantar dos Reis. “Normalmente o grupo de pintores vai à frente porque demora mais tempo. Os cantores vão logo a seguir. Em algumas aldeias começam a cantar em segredo junto à janela e depois, de repente, o refrão explode e fazem-se ouvir em toda a aldeia.










Pintar e cantar os Reis no concelho de Alenquer faz parte do programa da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
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