Faz agora 270 anos que foi inaugurada a estátua de D. José I na Praça do Comércio, um dos ícones de Lisboa.
A praça, também conhecida como Terreiro do Paço, é um dos lugares mais visitados de Lisboa e o conjunto escultórico, com 14 metros de altura, é o ponto intermédio do olhar entre o Tejo e o Arco do Triunfo que dá inicio à Rua Augusta.
Marca também a renovação desta zona da cidade após o terramoto de 1755.
O ceptro real, a espada e a armadura de ferro marcam o poder do rei, com a graciosidade dos punhos de renda e o capacete emplumado.
São detalhes relevantes mas ofuscados pela monumentalidade do cavalo e a pata dianteira levantada num movimento que não receia as serpentes que marcam o topo do pedestal.

A “pata direita levantada” e a “cor branca do cavalo” de D. José, entre outras histórias, são duas expressões das perguntas tolas e para tolos de muitas brincadeiras que, em simultâneo exprimem a relevância que o conjunto escultórico teve no imaginário popular.
A estátua de bronze pesa 35 toneladas.

É da autoria de Machado de Castro e retomou o tom original com o restauro efetuado em 2012.
Está classificada como Monumento Nacional e tem associada várias marcas pioneiras: é a estátua pública mais antiga em Portugal, foi a primeira estátua equestre em Portugal e foi a primeira estátua monumental a ser fundida com um só jato de cobre. Em quase 8 minutos.

A fundição por Bartolomeu Costa foi em Santa Clara e o transporte e colocação da estátua no pedestal de pedra lioz foi uma proeza que chegou a ser assinalada com placas comemorativas, como podemos ver no Museu Militar em Lisboa.

No mesmo museu está exposto o modelo da estátua que ganhou forma com a mesma técnica de fundição.
O modelo foi produzido em Junho de 1774 e quatro meses depois foi a estátua.
A família real foi à fundição descobrir o resultado e há rumores de que a rainha não gostou muito.
Também há quem diga que o rei não facilitou o trabalho. Não se predispôs a fazer de modelo e Machado de Castro teve de recorrer ao perfil traçado nas moedas de real.
Outro comportamento considerado estranho foi a família real ter estado ausente da inauguração da estátua em Junho de 1775.

Não se tratou de um ato discreto porque só transporte da estátua, da fundição de Santa Clara até ao Terreiro do Paço, mobilizou milhares de pessoas e obrigou à abertura de uma passagem na Rua do Museu de Artilharia.
A hoje chamada “sala de visitas” de Lisboa, uma zona turistificada da cidade, ainda mantém edifícios governamentais que, simbolicamente, substituíram o antigo Paço Real.
A recordação após o terramoto de 1755 também se exprimiu na toponímia.
O nome Terreiro do Paço foi substituído por Praça do Comércio.
No pedestal percebe-se melhor o enquadramento da mudança com a referência aos comerciantes que, através de impostos extraordinários, financiaram a construção do conjunto escultórico.
O obreiro do projeto foi o Marquês de Pombal.
Na parte da frente vemos o medalhão com a efigie de Sebastião José de Carvalho de Melo, mas nem sempre esteve lá. Foi retirado dois anos após a inauguração quando a rainha Dona Maria, filha de D. José, ostracizou o Marquês devido à execução da família dos Távoras.
O medalhão foi reposto em 1883 e decora o pedestal junto com elefantes, cavalos e figuras humanas.
Algumas das fontes utilizadas:
