Chiado há um século de braço estendido

De braço estendido ‘Chiado’ improvisa um diálogo com quem passa e adivinham-se palavras sarcásticas. A estátua no Largo do Chiado em Lisboa  foi inaugurada faz agora um século.

‘Chiado’ é a alcunha de António Ribeiro, um poeta do século VXI que poderá ter dado o nome a este bairro de Lisboa.

É curioso, passamos pela estátua do ‘Chiado’ e não lhe damos grande atenção. Talvez porque é o palco preferido de vários artistas de rua e também porque o ‘Chiado’ nos interpela de braço estendido e, aparentemente, suspeito que se ri de nós.


Por isso, preferimos olhar para Fernando Pessoa, discreto e sereno, sentado numa cadeira, na rua, a meia dúzia de metros do pedestal de lioz.

‘Chiado’ aparenta outra pose. Na sua postura de improviso, está sentado de modo desconfortável e instável numa banqueta que se encontra ligeiramente inclinada.

A veste de monge, o hábito franciscano que nunca deixou mesmo após ter abandonado a Ordem Franciscana, oculta o corpo e adensa o mistério sobre o perfil de António Ribeiro. Poeta, improvisador e imitador de vozes de figuras públicas da Lisboa do século XVI. Morreu em 1591,
Um dos conhecidos de ‘Chiado’ foi Camões.

O autor de Os Lusíadas elogiou as capacidades de António Ribeiro como poeta: “Uma trova, fá-la-á tão bem, quem como eu, ou como o Chiado”. Hoje são vizinhos no Chiado.
António Ribeiro era muito popular. Nasceu em Évora, mas foi viver para Lisboa e a sua casa era na rua onde havia uma taberna cujo proprietário tinha a alcunha de ‘Chiado’.

imagem gerada por IA

António Ribeiro tinha a fama de passar muito tempo na taberna e de ser um grande cliente – “em beber sou um Golias” – e, também, teria ficado associado ao nome de Chiado.

Tivesse sido pelo taberneiro, pelo poeta franciscano, ou por qualquer outro motivo, ficou associado o nome de ‘Chiado’ à rua e à zona circundante.
Em 1880 alteraram a designação de Rua do Chiado para Rua Garrett que se mantém até aos dias de hoje e um dos extremos é o Largo do Chiado.

A estátua é da autoria de Costa Mota (tio) e foi inaugurada em Dezembro de 1925, numa homenagem promovida pela Câmara Municipal de Lisboa.
No Museu de Lisboa encontra-se o modelo em gesso da estátua

Principais fontes de informação:
A Escultura do Chiado, de Cristina Azevedo Tavares

Chiado: um largo de poetas, um nome misterioso e uma estátua que faz 100 anos de Ferreira Fernandes

Sétima Colina – de José Augusto França; Livros Horizonte

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