É um percurso estranho. Belo, arrebatador, arrepiante e intriga o destino incerto e sem sinalização.
Horrível para quem sofre de vertigens, devido às falésias basálticas, e adorado para quem gosta de contemplar a força da natureza.
Muitos dos visitantes da Fajã do Ouvidor, na ilha de S. Jorge, nos Açores, procuram a deslumbrante Poça de Simão Dias. É o postal ilustrado desta parte da ilha.
No entanto, se caminharmos em sentido contrário, para o outro extremo da povoação, na direção da Fajã da Ribeira da Areia, deparamos com cenários naturais cuja beleza não ficam aquém.
Depois da passagem pela piscina natural do porto de pesca, seguimos ao longo da costa, entre os muros que marcam o limite da área urbana e pequenas línguas de terra, antes das falésias.
Na baía, em frente da Fajã, atravessamos a praia de calhaus escuros, vemos o contraste dos fetos entre o preto dos muros basálticos e os caminhos construídos para aproveitar mais um pouco de terreno, perante a ameaça do mar.
Na parte central da baía temos uma visão de conjunto e conseguimos antecipar a fase seguinte do percurso, com os blocos de rocha que irrompem do mar.
Parecem setas, corroídas, alguma irmanadas, mas perdidas no meio da espuma branca da ondulação do mar.
É este cenário que nos acompanha em algumas centenas de metros do percurso pedestre.
As rochas cortadas na vertical, um olhar a pique, com sensações mais intensas porque em algumas partes do caminho desaparece a vedação de madeira.

Por isso, não é adequado para crianças, muito menos para quem sofre de vertigens.
A costa forma pequenas baías, em algumas rochas a erosão criou pequenas grutas e o único som é o do mar no confronto com as paredes de basalto.
Na parte final do percurso a vegetação é mais densa.
Conseguimos observar toda a povoação e a ponta da Fajã do Ouvidor.
O regresso pode ser feito pela estrada que atravessa a povoação e oferece-nos uma visão de conjunto, em direção ao mar.

