Medelim: onde o Natal se tece com o coração e fios de lã

No concelho de Idanha-a-Nova, a aldeia de Medelim volta a vestir-se de cor e tradição.
O grande destaque é a imponente Árvore de Natal em croché: uma estrutura de seis metros de altura, composta por centenas de quadrados de lã em tons vibrantes de amarelo, verde e vermelho.

Mas nesta “Aldeia dos Balcões”, o Natal é muito mais do que um enfeite; é um abraço comunitário.

Situada numa das rotundas da aldeia, a árvore não está sozinha. Faz-se acompanhar por um Pai Natal, uma rena, duendes e presentes, todos meticulosamente tecidos à mão por dezenas de mulheres locais.

Este trabalho, que se estende ao longo de todo o ano, recupera a prática antiga de fazer pegas e colchas, transformando um saber doméstico numa obra de arte pública.

Um Presépio que conta histórias
Este ano, a celebração cresceu. O presépio de croché mudou de lugar e ganhou novas dimensões, apostando em figuras em tamanho real que homenageiam as atividades tradicionais da região.
Ao passear pelo conjunto, encontramos representações de pessoas e animais que evocam o quotidiano de uma aldeia rural de outrora.
É uma homenagem sentida a um interior que, apesar de sofrer com a desertificação nas últimas décadas, se recusa a perder a sua identidade e vitalidade.

À noite, a magia intensifica-se. Protegido por uma tenda, o presépio ganha uma nova vida sob o brilho das luzes de Natal, criando um cenário acolhedor que convida à fotografia e à contemplação.

O Sucesso de uma Iniciativa Comunitária
O projeto, que vai agora na sua quarta edição, nasceu da visão de Ana Filipa Fonseca, presidente da Junta de Freguesia de Medelim.
O que começou como um desafio local tornou-se um fenómeno de união: no primeiro ano, a adesão dos habitantes foi imediata e, hoje, a aldeia recebe visitantes que se deslocam propositadamente para admirar este trabalho minucioso.

Visitar Medelim nesta época é testemunhar como o artesanato pode ser um motor de união e orgulho para uma comunidade, provando que, com uma agulha de croché e muita dedicação, é possível manter vivo o espírito de uma aldeia.

Outra tradição é o madeiro que já está colocado no adro da igreja para aquecer os habitantes na noite de consoada.

O acesso rodoviário a Medelim é fácil, fica a pouco mais de uma dezena de quilómetros de Idanha, sensivelmente a mesma distância de Penamacor que, nestes dias, é a Vila Madeiro.

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