Com alguma facilidade a nossa imaginação entra numa cena de um filme medieval que reconstituiu a travessia de uma ponte e numa passagem estreita, debaixo de uma torre fortificada, temos de pagar portagem.
A ponte e a torre de Ucanha, no concelho de Tarouca, são o cenário desta imposição que começou em 1315 e só terminou quase 200 anos depois.
Nem os residentes nesta região estavam isentos. As receitas eram para o Mosteiro de Santa Maria de Salzedas, da ordem de Cister, cujos terrenos começavam na margem do rio Varosa, onde se situa a torre quadrada.
O edifício de pedra tem três pisos e pode ser visitado. O acesso é por uma escada.
O interior é amplo, com janelas de arcos e sinais defensivos.
Estão ainda em exposição objetos etnográficos e informação histórica. Mas, para nós, visitantes, o que mais nos seduz é a vista para a ponte. O rio a passar no vale estreito e o casario antigo, que ainda é preservado, próximo do conjunto histórico que está classificado como Monumento Nacional.
A ponte tem vários arcos. O central é o que tem o vão maior. É o mais alto e quando caminhamos na ponte percebemos o efeito, do ponto de vista do controlo da travessia.
A ponte remonta ao século XII. É das poucas em Portugal que é fortificada (uma delas é a de Sequeiros,
sobre o rio Côa, no concelho de Sabugal) e terá sido reedificada três séculos depois (1465).
Nas margens do rio Varosa, ao lado do conjunto monumental, foi construída uma zona de lazer. Convida-nos a caminhar, a descobrir várias azenhas e também podemos passar por debaixo da ponte.
Ao lado da torre sobressai o campanário da igreja cuja construção terá sido iniciada no século XVII, quando Ucanha ganhou autonomia como paróquia.
Na fase inicial, em redor da ponte, surgiu algum casario e o local foi denominado Vila da Ponte.
Continua a ser a área mais interessante, com algumas casas com traça antiga, alpendres de madeira e ruas estreitas.
É também nesta zona que estão alguns restaurantes que oferecem comida regional. Provámos os milhos no pote na tasquinha do Matias. São saborosos.
Ucanha é também a terra natal de Leite de Vasconcelos, fundador e primeiro diretor do atual Museu Nacional de Arqueologia.
Foi um dos vultos da etnografia em Portugal e produziu um conjunto vasto de obras em muitas outras áreas (Filologia e Linguística, Literatura, Etnografia, Numismática, Arqueologia…)
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