Wadi Rum: “vasto, vibrante e ao gosto de Deus”

O ponto de partida foi Rum. 
Uma aldeia de beduínos ao lado do deserto e junto à via rápida que vai para Aqaba.
Estavam sempre prontos para uma viagem a Wadi Rum. Era a principal fonte de receita da comunidade.

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Um jipe, um guia e seguir em frente.
Não fizemos o caminho de Lawrence of Arabia, o oficial britânico que andou por aqui em 1917 e que inspirou um filme notável. Parte da rodagem foi feita em Wadi Rum.

site_wadi estrada
Wadi Rum

Atualmente a aventura é sem riscos e ainda temos de pagar para entrar. Adquirimos o bilhete no visitor center, à entrada do parque.
Wadi Rum tem uma extensão superior a 700 km2 e foi declarada área protegida. 

No centro de visitantes havia recomendações sobre a melhor forma de evitar danos no parque.
Agora sim, depois de pago o ingresso, é olhar em frente e adivinhar a melhor rota.

A princípio foi fácil, seguimos uma estrada asfaltada.
Mais tarde, as montanhas serviam de referência. 
Pareciam mais próximas. Ilusão. Andámos, andámos e a montanha continuava longe. Um pouco maior. E mais brilhante a cor avermelhada.
Os contornos provocados pela erosão do vento ficavam mais perceptíveis. Rochas enormes que se mostravam vulneráveis.
Algumas formam uma cordilheira, outras estão isoladas no meio do deserto.

Wadi Rum
Wadi Rum

O sol ainda estava a pique. As sombras também eram indefinidas.
O vento e os reflexos da luz na areia alaranjada acentuavam a indefinição.
A máquina fotográfica devia estar confusa com os brancos.

 Como os nossos olhos.
A
 atenção concentrou-se depois na silhueta de uma das montanhas, mas rapidamente foi despertada para outro ponto, perdendo-se as prioridades.

A imaginação deu sentido à saliência de uma rocha, o olhar a perder-se na mudança de cor da areia. Ainda se decifravam os elementos visuais e já a nossa atenção se fixava num conjunto granítico com sete formas arredondadas.

seven pillars
Seven Pillars

Os Seven pillars of wisdom que também seduziram o olhar de T. E. Lawrence.

Ao longe, passou um outro jipe. 

Acho que desafiou o nosso guia para uma corrida.
O repto foi aceite. 

Aqui não havia problema.
Mais à frente já não diria o mesmo. 
Entrámos nas dunas de areia branca e o guia mostrou boa disposição. O jipe já não tanto com os sucessivos solavancos e o esforço para não atascar.
Fizemos um desvio e fomos parar a um desfiladeiro. Ficámos cercados por montanhas enormes. Saímos. 
Estava um pouco de vento e era agradável.
Depois de uma breve caminhada, deparámos com uma cabana construída na entrada de uma montanha.
Era tempo de beber um chá. Para alargar os poros, facilitar a transpiração e refrescar.

guia a fazer chá
Guia a fazer chá

No lugar estavam utensílios metálicos e em barro, quase todos para guardar e confeccionar alimentos.
O chá, com aroma a hortelã, foi fervido numa pequena fogueira, no chão, ladeada de pedras.
A cabana era utilizada com mais frequência para os turistas mas também servia de ponto de abrigo aos beduínos que andam pelo deserto.

O desfiladeiro estendia-se por centenas de metros. Estreitava depois um pouco, com escarpas pronunciadas. Alguém falou, a voz ecoou pelo vale.
Ao lado, uma rocha onde alguém esculpiu o rosto de Lawrence. 
Acho que é mais para turista ver.
O guia apagou a fogueira e seguimos viagem. Novos horizontes amplos de areia.

Wadi Rum - caminho ferro
Wadi Rum – caminho ferro

De repente, depois de contornarmos uma montanha, avistou-se uma linha de caminho de ferro. Ainda distante. Uma linha que cortava o desalinhamento do deserto.

Por aqui próximo passou o Expresso do Oriente. 
Três dias depois, no regresso a Amã, vimos duas carruagens antigas. Não consegui discernir qual era o material de construção. O que me pareceu foi que não devia ser muito agradável viajar nessa altura no comboio devido ao calor e as carruagens serem muito fechadas.
Agora, a linha de caminho de ferro servia apenas para transporte de mercadorias, essencialmente fosfatos extraídos nesta região e que eram uma elevada fonte de receitas para a Jordânia.
A linha estava assente numa pequena elevação de areia e era um dos poucos vestígios da presença humana. 
Tudo o resto era um vasto território selvagem.
Montanhas, areia e vegetação rasteira.
 Só a caminho da saída encontrámos novos vestígios de presença humana.

Wadi Rum - acampamento
Wadi Rum – acampamento

Um parque de campismo protegido por uma montanha enorme. 
As tendas brancas facilmente se destacam na areia alaranjada. Era
 preciso autorização para acampar. Contudo, muitos destes parques têm alojamento para turistas com estruturas de apoio. Além dos passeios em veículos 4×4 era ainda possível escalar montanhas, fazer caminhadas, andar de camelo, pequenos passeios… Sempre com muita água e protegido do sol.

No caminho de regresso lamentei não ficar mais tempo, pernoitar. 
Fizemos o tour que dava para ver as principais atrações mas o desejo era ficar…

Os guias turísticos apontam Wadi Rum como um lugar inesquecível, com paisagens deslumbrantes. Têm razão. Ficou tudo na memória porque Wadi é “vasto, vibrante e ao gosto de Deus” – T.E Lawrence.

Wadi Rum
Wadi Rum

Infútil:
Wadi Rum fica a uma hora de Petra. Pode combinar a visita aos dois locais.
Em Rum consegue arranjar um guia com transporte adequado para a visita ao deserto.
O bilhete é adquirido próximo da entrada do parque.
Wadi Rum fica a sul de Amã, a cerca de 4 horas de viagem pela Desert Highway ou pela Kings’ Highway, mais interessante do ponto de vista paisagístico mas a viagem demora cerca de 6 horas.
Pode obter mais informações aqui

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